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quinta-feira, 18 de junho de 2020

A criança e o medo de perder o brincar


Após 2 meses sem aula e sem poder ir a escola, a minha filha de 5 anos reclamou que estava com saudade de brincar na escola, disse que todas as vezes que tinha uma atividade, logo depois, eles brincavam no parque e ela sempre esperava por esse momento. 

Lembro bem que uma das minhas prioridades com a educação infantil para ela sempre foi que o lúdico fosse presente e intenso dentro da escola, é um período tão curto e ainda mais para as minhas filhas, visto que a mais velha ingressou na educação infantil somente com 3 anos e meio. 

Retardar o acesso a escola foi uma das opções que eu escolhi para a minha maternidade porque eu priorizava fortalecer o vínculo afetivo comigo antes delas saírem para desbravar o mundo sozinhas. Eu acredito que deu certo e alcancei meu propósito, porque hoje ela é feliz em ir para a escola. 

Agora com a pandemia, já no último ano de educação infantil, iniciaram as aulas online e meu coração de mãe já se apertou em saber que o lúdico já ficou para trás tão abruptamente e que só restaram as atividades via computador para encerrar o ano. Que dó! O brincar com os amigos da escola daquela forma que ela tanto esperava, ansiosamente, foi tirado dela. 

Logo depois, ela já tinha feito algumas aulas online e demonstrou muita motivação e dizia que adorava estudar para ser inteligente; com o passar dos dias, quando ela percebeu que era só aquilo e que o brincar não existiria mais ela questionou: "Mãe, a atividade é só no computador?" E eu disse: "por enquanto é filha, não dá para voltar para a escola, você sabe." 

No dia seguinte eu a chamei para a aula e ela disse que não queria porque gostava de matemática e a professora não ensinava matemática pelo computador. Logo eu disse que ela iria ensinar, e ela tinha que seguir o livro da escola. Ela, não convencida, falou que só ela que tinha aula e a irmã não tinha, e que poderia ficar só brincando e que ela também queria só brincar, começando a chorar. 

Eu logo notei que algo não velado estava ali naquela fala e naquele choro, ela chorava pela perda do brincar e pela obrigatoriedade só do aprender de um modo que ela já não estava gostando: pelo computador. Não era competição com a irmã e sim o luto do brincar; e ela nem sabe o que vem pela frente com o fundamental, dessa vez doeu mais em mim. 

Engraçado porque ao mesmo tempo levei um susto, eu amo matemática, nossaaaa, a mãe odeia haha. Mas fiquei feliz de saber que ela pode ser diferente de mim e vai buscar seu lugar ao sol do seu jeito e não do meu. 

Caso eu não tivesse percebido a dor do luto pelo brincar talvez eu tivesse sido mais rígida com ela, porque não queria fazer a aula. Mas como eu disse antes: o lúdico sempre foi prioridade nessa fase e a mesma dor dela está doendo em mim também, com muito mais intensidade, é claro. 

Precisei normalizar a emoção dela e dizer que eu estaria junto com ela sempre, mesmo se ela não pudesse mais só brincar na escola e que ela poderia brincar depois da aula igual a irmã. Ela entendeu, parou de chorar e pediu uns cálculos de soma para fazer antes da aula começar e ficou mais tranquila. 

Percebi que o brincar foi substituído pela matemática; "preciso de algo que me motive a continuar estudando já que eu não tenho mais o brincar e a matemática foi a escolhida". Ela até comentou que só queria aprender matemática e eu disse que isso só seria possível quando ela fosse adulta e que poderia escolher estudar só matemática, mas que até lá precisaria aprender de tudo um pouco. 

Ainda notei uma certa angústia no olhar, mas que foi suavizando com a minha presença e com a certeza de que eu estaria com ela para o que der e viesse. 

Importante tomarmos consciência das causas das emoções dos nossos filhos e nunca reagirmos na impulsividade e conforme a nossa regra naquele momento, eles não sabem identificar por que se sentem mal por algo, e as emoções sempre vão vir acompanhadas de choro e irritação para expressar alguma dor, principalmente a perda de algo muito importante para eles. 

Eu sei que não é fácil, mas o diálogo com a criança faz a causa daquela emoção ficar mais visível e, aí sim, podemos tomar providências baseadas na causa e nunca na expressão da emoção e do comportamento inadequado. 

Lembrem-se, nós adultos às vezes também não sabemos por que estamos com emoções negativas e nos perdemos em comportamentos inadequados, imagina uma criança que ainda não tem um cérebro totalmente desenvolvido, né? 

Vamos aprender a fazer um melhor leitura da linguagem não verbal dos nossos filhos, a saúde mental deles agradece.

sábado, 6 de junho de 2020

O milho cortado e a previsibilidade das crianças



Minhas filhas tem muita dificuldade em experimentar qualquer tipo de legumes e frutas, desde bebê sempre comeram de tudo, mas depois dos 2 anos em diante começou o processo de seletividade, aff.

Há algum tempo a Bárbara começou a demonstrar interesse por milho, aleluiaaaa, todas as vezes que vou ao mercado não posso deixar de comprar. A propósito, na última semana eu aproveitei e comprei logo 3 pacotes de milho porque a última vez até o pai delas reclamou que ficou sem milho, visto que a filha tinha devorado todos, ebaaaa.

Bom, fiz dois pacotes logo de uma vez, exatamente para não ter reclamações, limpei os milhos, cortei ao meio e cozinhei todos, era milho hein. Ainda bem que a irmã também já demonstrou interesse, pelo menos isso: são iguais, aiaiai, o pai também. É bem difícil aqui, a feira que faço se perde porque só eu devoro os legumes em casa.

Como estou trabalhando no período da tarde nessa quarentena, que já virou "setentena" haha, deixei os milhos cozidos na geladeira e ofereci os primeiros, hummm, amaram.

O papai esqueceu de oferecer novamente os milhos na hora do lanche da tarde e eles ficaram para o dia seguinte. Ao oferecer novamente Bárbara já disse que o milho estava estranho, com a água estranha (água?), entreguei ele seco dentro de um prato para ela.

Conclusão do dia: adivinha para onde foram os milhos? Sim, para o lixo, a irmã ouviu ela falando que o milho estava estranho e também não quis mais. E o papai? Reclamão, também esqueceu de comer.

E o terceiro pacote? Ah, pensa que eu esqueci? Não, resolvi fazer alguns dias depois, mas dessa vez não cortei os milhos, pensei, ah elas vão adorar um milho inteiro...grande.....Cozinhei e ofereci. Elas ansiosas pelo milho. Eu fiquei super feliz e orgulhosa.

Quando viram o milho grande, sempre a Bárbara: "mãe..." - suspense (já infartando na cozinha só em adivinhar). "Fala, filha...". "Esse milho é muito grande, gosto de milho pequeno, mãe... não quero".

A Maria vai com as outras da irmã, também não quis. Nessa hora, bufando, fui para o quarto para não surtar na frente delas e pensei: gente, nada funciona com essas pessoas, não sei mais o que fazer. Pensei: mamãe respira, não pira, quem mandou você não cortar o milho dessa vez, sempre deu certo cortado, por que você inventa moda hein? Aff, tudo bem, a culpa foi minha dessa vez.

Voltando para a sala, meninas já comeram o milho? Sumiu? Cadê? "Mãe, ele tava ruim e grande e eu joguei no lixo". 😱 "Eloá, cadê o seu milho?" "Mãe, eu joguei no lixo porque era muito grande."

Mamãeeeeeeeeee, respira, não pira.

Dá próxima vez vê se aprende a não cortar o milho mamãe.

A psicóloga esqueceu que crianças pequenas gostam de previsibilidade e não de inovações, principalmente no que diz respeito a alimentação delas.

É manhê

O bolo de abobrinha e a angústia materna pela alimentação saudável


Durante esse período de isolamento social eu, em meio as minhas novas artimanhas de mãe de duas meninas, me vi obrigada a criar novas rotinas para entretenimento das pessoinhas. Tadinhas, pressas em um apartamento de 70 metros quadrados há mais de 2 meses não é fácil para ninguém, ok?

Eu amo cozinhar sim, mas não todos os dias, aff. Pensei em inventar novas receitinhas para as pessoinhas começarem a provar novos sabores, principalmente aqueles que elas sempre recusam: 😏 legumes. 

Fui me aventurar em fazer um bolo de abobrinhas, hum, imaginei o sabor, eu adoro legumes. Bom, começou o preparo e a Bárbara - 5 anos - veio e me perguntou se eu estava fazendo um bolo; e eu disse que iria sim fazer, eu cortando as abobrinhas não poderia confirmar que já havia começado, óbvio, ela não comeria um bolo de abobrinhas. 

Bom, fiz o preparo, mas eu sempre tenho um leve problema culinário: sempre suspeito que exagero nas minhas receitas haha. 

Bolo já no forno, quase não coube na forma aiaiai, realmente exagero até no tamanho da massa, simplesmente, eu acreditava. 

Passaram-se 40 minutos e o bolo mole, aff, o que eu fiz de errado dessa vez? Sabe-se lá, muita massa, lembra? quase não coube na forma, ah tá. 

Vamos esperar mais um pouco......mais 40 minutos e o cheiro de bolo queimado, ai, deu tudo errado mesmo haha, nada, só o excesso de bolo caindo para fora da forma haha, ufa. 

E já se foram 1 hora e meia e o bolo nada, mole, ai droga, não consigo fazer nada saudável para as minhas filhas, que saco! 

Lembrei, acho que foi excesso de abobrinha e ele não vai ficar bom, vai virar um pudim, snif. 

Dito e feito, virou um pudim de chocolate; claro, não contei, tive que colocar chocolate em pó para elas não perceberem que era de abobrinha haha. 

Falei para as meninas, vamos colocar cobertura de chocolate com MM´s? Hum, vamosssssssss, aquele entusiamo ecoou pela casa inteira, ai que lindo elas vão amar meu bolo camuflado haha. 

Bolo pronto, cheio de MM´s e chocolate derramando da bandeja, vai ser lindo, elas vão amar! 

Logo escuto ao fundo: "mãe? que bolo é esse? parece bolo de caneca". (não sei de onde tirou isso). Bolo de caneca, filha, não, é um bolo de chocolate diferente do da vovó. 

"Ai, mãe, não gosto de bolo de caneca"....a irmã, Eloá de 3 anos, escuta e olha para o seu pedaço e diz: "Também não gosto de bolo de caneca, mãe". 

Lá se foram minhas quase 3 horas de dedicação a algo diferente e estimulante para saborear durante esse isolamento social, que me faria muito feliz por ser um alimento um pouco mais saudável. 

Moral da história: mamãe respira, não pira, vai passar...outra dia vai dar certo.

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