terça-feira, 9 de junho de 2020

A louça e a busca da criança pelo seu espaço


Depois que Elô nasceu, há 3 anos e meio, eu me deparei com uma maternidade inimaginável. Aquela maternidade que eu conhecia com a irmã era fichinha, acreditava que já tinha aprendido tudo a respeito de um bebê recém nascido, haha, salvo engano.

Sempre ouvi outras mães falando que os filhos eram diferentes, mas nem sempre eu levava muito a sério e pensava: "Mas se a educação vai ser a mesma por que vão ser tão diferentes?" Hoje sei o porquê. São pessoas diferentes, independente de terem os mesmos pais e a mesma educação... mesma?! Não, também era um outro engano, nunca é a mesma educação, pela mesmo motivo, são diferentes.

Bom, mas outro dia conto um pouco mais sobre essas diferenças entre irmãs, hoje quero comentar um pouco a loucura que é agradar as duas ao mesmo tempo, acolher ao mesmo tempo e dar atenção ao mesmo tempo.

Hoje a Elô resolveu que queria lavar a louça, até que eu estava disposta e deixei, com a minha supervisão. Mas logo pensei: "daqui a pouco a irmã vai ver e vai querer a mesma coisa, é só uma questão de minutos". Dito e feito: "Mãe também quero ajudar."

Então os meus neurônios já começaram a ficar atentos para a necessidade de desenvolver um novo recurso de enfrentamento do conflito que estaria por vir. "Mãe, tem outra bucha para eu também lavar a louça?" "Não filha, não se lava louça em dupla." Não poderia mentir, minha filha teria que lidar com a realidade, mesmo eu sabendo que ela está com ciúmes da irmã porque ela está fazendo algo legal (haha, quero ver com 15 anos) e ela não.

Logo veio o choro, óbvio, e a mãe aqui, devido às diversas situações semelhantes, começou a desenvolver uma habilidade única de resolução de conflitos emocionais em períodos de competições das duas, aff... Que difícil! Mas temos que pensar muito rápido, tem dado certo.

A solução foi: faltava meia-hora para a aula da minha filha que estava aos prantos e a convidei para fazer a preparação para a aula. Segundo dia, super animada ainda, eu já projetei essa animação e deu certo. Ela adorou, esqueceu da louça e da competição, se dirigiu a mesa e já ajudei a preparar o material para a aula online, ela se sentiu importante sendo a única que vai ter aula online e a irmã não. Pronto, seu objetivo foi cumprido, se destacar e fazer algo legal e não ficar para trás e deixar a irmã há alguns metros à frente dela.

A maternidade nos coloca em lugares que precisamos ressignificar nossos valores e crenças aprendidas e entender que os conflitos que surgem com os irmãos não são conscientes ou voluntários, todos querem seu lugar ao sol, até nós adultos lutamos por nosso território diariamente, por que com os nossos filhos vai ser diferente, né?

Vamos respeitar esse momento deles, até porque nós somos os adultos da relação e eles se inspiram em nós como modelos e, por isso, temos que buscar soluções e não nos encharcar de emoções de contrariedade, raiva, e punir nossos filhos porque querem seu lugar ao sol.

A maternidade pode sim: transforma-dor

2 comentários:

  1. Aqui a louça é engraçado, pq sempre quem lava é o marido, então os meninos vê e ambos querem ajudar ele, e aí acho engraçado que ele divide, e cada um faz uma coisa, um passa o sabão, outro tira, uma hora um passa o rodo na pia, o outro joga água, os três lavando louça, já tirei fotos dessa cena..

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uauuuu, que legal,3 lavando a louça, muito legal, depois manda foto, super interessante estimular essas divisões nas tarefas de casa. Parabéns. bjo

      Excluir

Conte-me sua experiência, vou adorar saber como você lida com a sua maternidade.

Postagens Recentes

A autonomia também pode ser demais